quarta-feira, 2 de maio de 2007

2ª parte - Itaú Contemporâneo




Continuando o raciocínio do texto anterior, não podemos dizer que a idéia materializada na tela seja sinônimo de "obra de arte", ou "obra-prima", como queiram.

Para ilustrar melhor minha idéia, vou dar um exemplo. Vejam a tela como uma pessoa. Chamar-la-emos de Françoise Gilot, unicamente para facilitar vusualização. Françoise é a maior amiga do artista no momento em que a especifica obra foi produzida. Ela é muda. Françoise fala através de gestos, cores, texturas, composições, desenhos, traços. Tudo que possa ser visualmente dito. O artista contou tudo aquilo que estava sentindo naquele momento à maior amiga. Esta, que não é propriamente uma figura humana mas apenas uma tela ambulante, capta toda a raiva dos sentimentos do artista e grava para sempre em seu corpo o relato. Para sempre, óbvio, enquanto a tinta durar.

Mas Françoise é como um filtro, que mostra apenas aquilo que conseguiu captar. Seu corpo pintado, apesar de conter uma parte da idéia do artista, nunca dirá tudo o que o artista disse. Da mesma forma que a palavra.

A palavra é uma faca de dois gumes. Ela é uma benção pois sem ela não nos expressaríamos de forma tão rápida quanto nosso mundo atual pede que sejamos. Mas a palavra limita a idéia. As idéias, no seu âmago, são ilimitadas. Mas para que outros consigam entendê-las, precisamos enviá-las em pequenos pacotes - palavras - para que elas possam ser juntadas e depois interpretadas pelo receptor. "Uma" palavra apenas nunca conseguirá significar uma idéia completa. Por exemplo, a palavra "liberdade" nunca conseguirá exprimir a sensação de se sentir livre. Quando falamos, nos limitamos. Assim, como uma pintura. Assim como Françoise.

Concordo contigo, caro amigo Alex, de que a mensagem do quadro pode ser captada por outros e propagada pelos meios de comunicação em massa.

Quanto à Aura Artística, acredito que ela possa renascer na alma de cada indivíduo quando esta realmente compreende a obra de arte. Bom, cheguei onde queria chegar. Não importa a tela, ou quanto se pague por ela. O que importa é a revolução que ela pode causar na alma das pessoas que captaram seu sentido. A verdadeira obra de arte, a verdadeira obra-prima, está dentro de cada um de nós.

2 comentários:

Anônimo disse...

GUERNICA...tá ai uma arte contemporânea...não é de hoje, mas representou uma época, pensamentos, uma geração que sofreu com a guerra sangrenta dos homens, coincidência ou não é a realidade em que vivemos.

Anônimo disse...

É Faibão...

Com este seu relato podemos dizer que a arte não tem a obrigação de ser bela, mas sim arte, relato, devaneios, utopias e denuncias...